RELENDO UMA ENDECHA DE 1977



A Lei Federal 5.579, publicada no Diário Oficial em 19 de maio de 1970, institui o dia 05 de novembro como Dia da cultura e da ciência nacional. Uma verdadeira homenagem a data de nascimento de Rui Barbosa. Quarenta e oito anos depois, nossa amada Simão Dias recebe o encontro de “fenômenos”, segundo as mídias radiofônicas e os que lá estiveram para prestigiar algo inesquecível. Ocorrido em um espaço público, este evento privado deve ter obtido altos lucros, visto a massa dominante lá presente e os valores dos ingressos vendidos. Alguns dos lá presentes, trabalharam arduamente para garantir presença neste encontro fenômelesco. Relembrando “Seu” Curvelo, meu pai, “tem tempos que mais vale dinheiro no bolso do que roupa nova”. Assim, busco rever e trazer as mentes pensantes que nos restam uma breve reflexão sobre o significado da palavra FENÔMENO para que nossos alunos não se deem mal na redação e, ao mesmo tempo, questionar parafraseando Udilson Soares em Uma Endecha a Simão Dias: a quantas anda a zabumba e os pífanos, a viola do Galego, os bonecos do Liu, os potes e moringas de barro, as bonecas, a Lira dos Raimundos, o teatro do Chico, do Gruta, as danças da Zefa, e muitas outras, as juninas que eram muitas, a fachada do casarão, os poemas, sonetos e cordéis, as charangas, as caretas, as pinturas e a nossa voz e violão dos, para mim, inesquecíveis Lupércio, Nonato, Adenildo. Os nossos aboiadores, por onde estão? Aos admiradores do fenomelesco, uma oração vinda peço as Mestras rezadeiras das novenas azabumbadas da Aroeira após a colheita. Aos demais, revivo KANT citado por SVERSUT “Os fenômenos constituem o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe independentemente de nossas experiências ('das coisas-em-si')”. Para Kant, os seres humanos não podem saber da essência das coisas-em-si... Entretanto, muito facilmente, se mensura um evento de massa, pois surge daí a indústria cultural. Segundo CHAUÍ “A arte possui intrinsecamente valor de exposição ou exponibilidade, isto é, existe para ser contemplada e fruída... No entanto, sob o controle econômico e ideológico das empresas de produção artística, a arte se transformou em seu oposto: é um evento para tornar invisível a realidade e o próprio trabalho criador das obras. É algo para ser consumido e não para ser conhecido, fruído e superado por novas obras”. Dias atrás, lembro “o morango do nordeste, a boca da garrafa...” Não que eu queira o fim da sofrência promovida pela massificação do arrocha nas praças e nos rádios, se tem quem queira e curte, que continuem em seu momentâneo prazer. Mas, por favor, não destruam a essência de uma palavra... professores, por favor, reajam! O esplendor do raiar do dia, o luar do sertão, o olho d’água, o trovão... a arte, a cultura, não são ensinados e sim constantemente estudado... fenômeno é Rui Barbosa de Oliveira, poeta, ensaísta, orador, filólogo, tradutor, jornalista, político, jurista e diplomata. E outros tantos Ruis esquecidos pelas vielas de nossa cidade. Finalizo concordando com MACHADO ao citar Platão “se Conhece Uma Nação pelo Tipo de Música que Ela Ouve. A música não afeta só o indivíduo, mas tem enorme peso no coletivo, uma vez que, a música, em essência, é padrão vibratório. Quanto mais baixo o padrão vibratório de uma música, mais densa e grosseira, mais material ela é, ou seja, mais prejudicial ela se torna à nossa saúde”. Que venha 12 de junho, que venha 05 de novembro, e que leiam e discutam UMA ENDECHA A SIMÃODIAS.

Em sonhos e devaneios...José Santana Curvelo - JAI
em 20/05/2018
FONTES acessadas em 20/05/2018:
Ascom-Ibram: http://www.museus.gov.br/tag/dia-nacional-da-cultura/
Sversut: http://basedafilosofia.blogspot.com.br/2011/10/filosofia-do-conhecimento-missao-23.html
CHAUI: http://www.viverafilosofia.com.br/2011/02/industria-cultural-e-cultura-de-massas.html
MACHADO: http://www.olharcritico.com.br/a-musica-como-um-problema-de-saude-publica
SOARES: http://profdavisoares.blogspot.com.br/

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